Hoje vou pôr aqui uma ou duas obras que me dizem alguma coisa. Não quer dizer que as outras não digam, mas estas são especiais e, a seu tempo, entenderão porquê.
Primeiro um que foi elaborado ao despique com alguém que hoje é célebre e que tive a felicidade de conhecer uma noite no Pavilhão Chinês, no Príncipe Real, perto do Bairro Alto. Chama-se PASTILHAS, que foi o mote que nos deram aos dois para desenvolver. A primeira parte é de António Lobo Antunes (até ao *) e depois é minha.
Pastilhas p'ra cabeça,
Pastilhas p'ro estômago,
Pastilhas p'ro cancro com filtro.
Tantas pastilhas.
Oh medicina, que degeneração.
Oh meu corpo belo
Todo tu és pastilhas.
Olha-se, observa-se, que se vê?
Só pastilhas (*)
Pastilhas, pastilhas,
Nada mais que pastilhas.
Pastilhas-nervos:
Pastilhas elásticas
Que se mascam;
Pastilhas-dores:
Pastilhas medicinais
Que se tomam.
Eh, pastilha aí!
Tanta pastilha acaba mal.
Pastilhas e mais pastilhas.
Um outro é uma tentativa que fiz nos sonetos.
Não é que esteja muito bom, mas deu trabalho e vi que fui capaz.
Chama-se SAUDADE.
Na treva escura da noite vejo
Que o meu amor está distante,
Que não há força bastante
Para me trazer o que desejo.
Isso é tanto mais importante
Porque longe está o bom cortejo
do abraço, carinho e beijo
da mulher, querida e amante.
Sempre teimarei em muito amar,
É essa a minha grande vontade,
Nem que, para tal, precise de chorar.
Assim terei sempre liberdade
para a todos os ventos gritar
E espantar assim a SAUDADE.
Não é épico, não tem métrica definida, mas saiu-me bem.
E para terminar por hoje uma das brincadeiras que gosto de fazer. Se repararem nas primeiras letras de cada verso e se as lerem na vertical encontrarão o tema do verso. Ao longo destas minhas bloguisses irão constatar que é uma das coisas que melhor faço: ponho no papel, na vertical, essas primeiras letras e depois encaixo o que me vai na alma sobre o tema.
Acho que vai haver alguém a quem isto diz muito, espero que gostem todos. FAC é o título.
Foi difícil, mas estamos aqui,
Onde ninguém esperava, chegámos,
Remámos contra a maré, aguentámos.
Weather reports fazemos sem receio;
Adivinhamos o que se nos depara, pelo meio.
Reuniremos mais à frente, ali,
Desde que não nos ponham freio.
Acreditamos não ser prefeitos, nem importantes,
Iremos, no entanto, ser humildes mas grandes,
Recordaremos sempre que seremos, da profissão, os garantes.
Cremos na multiplicidade da personalidade,
Omitiremos as diferenças na dificuldade,
Não iremos atrás de glórias vãs,
Tentaremos fazer, dos outros, nossos fãs.
Recordaremos este tempo sério e nobre
Onde a vida foi tudo, menos pobre.
Lutaremos por uma visibilidade merecida
Ligada a uma sobriedade reconhecida
E seremos sempre, dos pilotos, o amigo primeiro.
Recordem:"SOMOS FAC'S DE CORPO INTEIRO".
Emocionei-me ao escrever. Já não escrevo mais hoje.
Até à próxima. E afinal foram mais três.
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