domingo, 31 de agosto de 2008

Mais uns desabafos

Hoje não quero ser azedo.
Hoje não quero ser venenoso.
Hoje quero relembrar uma frase minha.
Hoje estou positivo e quero ficar assim.
É bom sentirmos felicidade de vez em quando.
É bom sentir que faço falta em algum lugar.
É bom ver aflição quando digo que vou mudar de poiso.
E não pensem que estou a falar sentimentalmente, até porque isso não é assunto para trazer para aqui.
Eu cheguei a uma posição em que, quando digo "Vou bater com a porta", vejo gente preocupada e isso faz bem ao ego.
Eu sei que não passam de desabafos mas é bonito.
Em conclusão eis a frase:
É bom poder dizer:
O QUE EU QUERO EU SEI, O QUE EU POSSO SABEREI. O QUE EU NÃO PUDER NÃO QUERO SABER.
Ah grande José Régio, ensinaste-me tanta coisa.
Vejam como é diferente o sentimento deste outro que demonstro de mais um poema feito no Kosovo.


ESTE É O MOMENTO

Este é o momento certo para dizer
Tudo o que me vai na alma ferida
Deste desterro a que estou sujeito.
Quero gritar, mas não consigo sequer inspirar respeito,
Ninguém me dá a mais pequena guarida
Para eu saber o que fazer.

É tudo uma questão de paciência, alguém dirá.
Mas se tal fosse a mais pura das verdades,
Poder-se-ia dizer também que quem espera
Não só alcança, mas também desespera.
E nem que me digam que são apenas saudades,
Este é o momento em que tudo se abrirá.

Este é o momento da mais pura solidão,
De caminhar só por entre a gente,
De saborear fel ouvindo um violino tocando.
Mas por favor alguém me responda: até quando
Terei de ficar de lado? De ser diferente?
Não é fácil alguém ajudar-me, pois não?

Também não esperava que me ajudassem.
Estou habituado a sofrer comigo mesmo
Todas as peripécias que a vida me apronta.
Só que no fim, depois de acertada a conta,
Dou comigo por aí, a andar a esmo,
Sem rumo, como se as pessoas me evitassem.

Quero sentir ainda uma última réstia de alento
Para poder dizer a tudo quanto é mundo
Que estou vivo, que respiro, que sinto...
E se o futuro vier a dizer que aqui minto
Será porque cometi um erro profundo
E não era mesmo este o momento.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

DE VOLTA À ESCRITA MAS REVOLTADO

Olá.

Aqui estou de novo. Escrevo porque a desconfiança e a grande raiva me assolam mais uma vez.

Antes de explicar importa esclarecer que não sou um qualquer "Velho do Restelo" contra os ventos da modernidade que sopram sempre e sempre nos acompanham.

Mas quero levantar a voz contra o que me parece ser a tentativa velada de matar um dos símbolos do nosso passado e que continua a trazer-nos momentos de grande beleza e serenidade.

Falo-vos dos acidentes continuados na belíssima LINHA DO TUA.
Investiguemos apenas factos.

1 - É um facto que o número de acidentes aumentou grandemente desde que se fala em construir a barragem do Tua;

2 - É um facto que esta nova barragem vai trazer, se vier a ser construída, 324 megawhat o que significa em termos mais inteligíveis que a energia produzida não chega para Trás-Os-Montes, logo terá de ser colmatada de outra forma;

3 - É um facto que esta linha movimenta cerca de 40.000 turistas por ano;

4 - É um facto que esta linha está entre as 5 mais belas linhas da Europa segundo um vasto leque de operadores turísticos estrangeiros.


(Beleza a cores e a preto e branco)
Analisemos agora a envolvência desta questão. Para tal socorro-me de fotos que gentilmente me foram enviadas por um Amigo de Mirandela, Pedro Bahamonde, e de fotos e algum texto de um senhor de nome Rui Rodrigues e que se encontram nos seguintes sites:

A linha do Tua foi inaugurada em 1887, curiosamente no seu troço actual, Foz do Tua - Mirandela, tendo sido prolongada até Bragança em 1905. Em 1991 foi de novo reduzida até Mirandela, o que já na altura causou bastante polémica, eram então Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, o Eng. Joaquim Ferreira do Amaral e Primeiro Ministro o Dr. Aníbal Cavaco Silva, que coincidência. O que é que os senhores de Trás-Os-Montes teriam feito ao nosso Presidente?

A polémica criada à volta do encerramento do troço Mirandela - Bragança prendeu-se com o facto de, não contando com as capitais de distrito insulares, esta (Bragança) passava a ser a única sem serviço de linha férrea. Já em 1991 estávamos a contribuir decisivamente para a desertificação do interior do País. Se virmos bem quase todos os produtos da zona eram escoados por via férrea, sobretudo a cortiça, os cereais, a azeitona e o melhor azeite do Mundo, premiado internacionalmente já várias vezes.

(Estações de Rossas e Mosca, abandonadas em 1991)

Vem-se agora falar da construção de uma barragem da foz do Tua. Se for construída com a cota prevista de 195m, 90% da Linha do Tua ficará submersa, cortando assim uma das poucas ligações de transporte entre Mirandela e o Porto (via Linha do Douro) e vice-versa, para pessoas e bens. Mais uma vez se vai contribuir para a desertificação do interior pois a falta de comboio, aliada à precária rede viária que liga Trás-Os-Montes ao resto do País, leva as pessoas a migrar para locais mais bem servidos socialmente.

Mas como é necessário construir a bem dita barragem e as populações se opõem, então há que criar na opinião pública a sensação de insegurança à volta da Linha mais bonita de Portugal.



(Mais duas imagens para atestar da beleza estonteante desta viagem)
Realmente parece a teoria da conspiração, mas não será estranho que, desde que se fala da barragem, tenham acontecido mais acidentes do que quase em toda a longa vida, de mais de 120 anos, desta Linha do Tua?
E mais uma vez o zé jornalista tem a faca e o queijo na mão mas o que publica é o sensacionalismo do acidente, mas quase não fala da estranheza que é não se conseguirem determinar as causas deste último acidente, em que infelizmente faleceu uma pessoa. Dizem as investigações que não houve erro humano, que a via estaria em bom estado e que a composição também era de confiança e que, portanto, é difícil explicar o inexplicável.

É triste viver num País em que os interesses das grandes empresas se sobrepõem aos INTERESSES NACIONAIS. Será que alguém ainda se lembra do que é INTERESSE NACIONAL? Deixem de ser espanhóis. Sejam PORTUGUESES.

Até à próxima e, como dizia o meu amigo Hugly Kid Tony, fiquem benzinho.