segunda-feira, 31 de março de 2008

mais um poema

PAPEL AMIGO

Vinte e nove centímetros de material branco,
Um A-4 que vai ficando marcado
Ao passar da caneta deste desterrado
Que tenta, ao menos contigo, ser franco.

Folha a folha, vou deixando impresso
Um sentimento, uma vontade, um crítico olhar
Mas, no fim de contas, é para meu bem estar
Que só aqui alguma coisa peço.

Verso a verso, escrevo o que sinto,
Desabafo o que me vai na alma chorosa,
Até que venha a hora gloriosa
De tomar o gosto a este absinto.

Poema a poema, mostro ao mundo o que sou
Sempre comigo mesmo desalentado
Por nunca saber escolher qual o melhor lado,
Pois o errado é sempre onde estou.

Por isso desabafo contigo,
Para ter alguém que ouça até ao fim.
É que não há mais ninguém para mim
Como tu, meu papel amigo.

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